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Desafios para a Educação Física

  • educacaomoverse
  • 23 de jan. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de fev. de 2023

| Professor Convidado: Edison de J. Manoel | Considerando os avanços da Educação Física (Escolar em particular) nas últimas quatro décadas, quais seriam os desafios para a Educação Física Escolar na próxima década?

Os avanços:

  1. LDB de 1996 com a definição da EDF escolar como componente e toda construção desse componente nas propostas de Parâmetros Curriculares Nacionais até a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

  2. 30 anos da proposição de abordagens de Educação Física Escolar: Desenvolvimentista, Critico-Superadora, Emancipatória (Fenomenológica), Atividade Física e Saúde (Estilo de Vida Ativo), Culturalista, etc.

  3. 20 anos de regulamentação da profissão EDF

  4. 40 anos de Pós-graduação stricto sensu em EDF

Os desafios:


LDB & EDF – O que significa a EDF estar na área de Linguagens? Há um estranhamento com a identificação da EDF com as Linguagens. Alguns veem esse movimento como mais uma forma velada de tornar a EDF meio para algo e até de torna-la novamente em algo dispensável. Vejo de outra forma: das possibilidades dado os vínculos do Mover-se corporal com a Linguagem. Esses vínculos são evolucionários (p.e. uso de instrumento e emergência da língua não-verbal e verbal) e ontogenéticos (p.e. emergência da ação motora, construção da fala e comunicação não verbal). Esses vínculos remetem ao conhecer que é possível pela experiência de primeira mão, a experiência que é possível por nossos próprios meios (a capacidade mover-se corporal no sentido de capabilities de Martha Nussbaum). É urgente que a EDF se reconcilie o “conhecer” com a experiência de 1ª. Mão.


30 anos de Abordagens de EDF – Vejo a necessidade de um olhar detalhado sobre cada abordagem acompanhado de uma mirada ampla para todas as abordagens na perspectiva de apreender como se complementam. Sem cair na tentação de reduzir uma abordagem à outra, é preciso explora-las em suas diferenças para que se possa ampliar a compreensão de como se pode conduzir a EDF na escola, escola que é igualmente diversa em suas origens, sítios e comunidades. Esse olhar de complementariedade deve ter como finalidade trazer ao palco o Professor como sujeito do conhecimento, Autor de sua prática. Até hoje as abordagens foram propostas e propaladas de um modo que o professor é sempre tratado como objeto.


20 anos de Profissão EDF – É preciso menos corporativismo, menos ênfase nas atitudes de vigilantes da prática e mais compreensão e ação do que significa e do que a pode a EDF no Século XXI. É necessário que os profissionais de EDF, as entidades de classe da EDF se invistam do papel de projetistas do que será possível fazer pela e com a EDF quanto a três desafios prementes que se colocam para a humanidade nos próximos 50 anos:

  • Meio ambiente

  • Diversidade natural e cultural

  • Transtornos de Informação

Fazer frente a esses desafios exige que se pense a EDF como Arquitetura ou Ciência/Arte do Design.


40 anos de PG em EDF – Ao longo desse período a EDF foi se afastando do eixo da formação de nível superior que se voltou para formar pesquisadores de ciências biológicas (predominantemente) ou comportamentais. Vale ressaltar que estudantes que originariamente fizeram EDF na graduação tem se tornado ótimos pesquisadores das Ciências Naturais e Ciências Sociais, todavia atenção apenas marginal tem sido à formação de nível superior para o desenvolvimento da EDF Escolar. De nada adiantará induzir formação e pesquisa na EDF Escolar se não houver uma ponte com a “quadra”, com o professor de EDF na escola. De novo, os professores de EDF Escolar só aparecem nas pesquisas e estudos de pós-graduandos como objetos, raramente como sujeitos do conhecimento. Urge construir essa ponte de mão dupla e sem pedágios para os professores de EDF Escolar.


Os quatro desafios se abrem em leque cada um gerando mais demandas de ação. A EDF precisa se fazer reconhecida pelos diferentes segmentos da sociedade como um campo de valor tecnológico, científico e principalmente de um valor moral relativo ao cuidado de si e dos outros. O mover-se corporal como uma capacidade humana de valor per se (tenho um texto/aula sobre esse conceito) extrapola a EDF e outros campos (medicina faz tempo, fisioterapia, terapia ocupacional, entre outros) sabendo disso tem constantemente se posicionado sobre essa capacidade (inclusive em temas que cruzam com os da EDF) e proposto ações profissionais. Em cada um dos quatro desafios acima descritos há caminhos para se buscar desenvolver a EDF como esse campo que pode ser reconhecido pela sociedade.


Nota sobre os três desafios prementes:

A próxima década a se iniciar em 2021 (2021-2030) é reconhecida pela ONU como sendo crucial para a Humanidade vide os documentos, encontros e acordos concluídos e realizados sob o título AGENDA 2030. Dos desafios que proponho pelo menos os dois primeiros se originam na AGENDA 2030.

  • Meio ambiente

- Desenvolvimento teórico-conceitual do AHA – Ação Humana Acoplada em suporte a uma forma de prática corporal/treinamento chamado de EcoTreino. Já desenvolvi juntamente com o Pedro Felicio três capítulos de livro (Felicio & Manoel, 2014, 2021ª e 2021b) resultados da pesquisa CNPq/FAPESP sobre Conservação de Parques Nacionais da Mata Atlântica


  • Diversidade natural e cultural

- É preciso sistematizar as inúmeras iniciativas em que práticas corporais proporcionam conhecimento pessoal para se reconhecer enquanto pessoa diferente e real em contraste com uma norma artificial, bem como sendo contribuinte para experimentar o convívio com o diferente.


  • Transtornos de Informação

- Longe de ser um termo definitivo, “Transtornos de Informação” trata com os problemas gerados pela predominância de experiências de segunda mão, i.e. mediadas, por outros agentes dentre os quais os artificiais controlados ou programados por uma terceira parte interessada em aproveitar das consequências dessa experiência para fins privados. É a partir dessa experiência que se multiplicaram os casos de fake News e grupos dissonantes de boas práticas como os negacionistas do conhecimento científico.

 
 
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